Na América do Sul, os povos que desenvolveram uma produção cultural mais organizada localizaram-se principalmente ao norte, na região do atual território peruano.
As culturas que formaram o patrimônio artístico do Peru pré-colombiano têm raízes muito remotas e evolução histórica bastante complexa.
A cultura mochica existiu ao longo da costa setentorial do Peru, entre os anos 200 e 800 da nossa era. De sua arte, destaca-se a ourivesaria, que produziu joias e adereços femininos. Sua cerâmica também é apreciável, pela decoração pictória e pelos curiosos formatos dados aos objetos de uso diário: animais e cabeças humanas.
Ao sul e próximo a Bolívia, por volta do ano 1000 a civilização mais significativa foi a tiahuanaco. Seu nome provém de uma antiga cidade do altiplano boliviano. Localizada próximo de La Paz, na Bolívia, a antiga cidade de Tiahuanaco ainda desafia a análise e a interpretação dos arqueólogos, com sua arquitetura e escultura de maçicas figuras.
Ao norte, entre os anos 1300 e 1438, desenvolveu-se a requintada civilização chimu, cujos trabalhos em cerâmica e ourivesaria, como vasos zoomórficos e antropomórficos, ídolos e máscaras cerimoniais, apresentam ora motivos realistas, ora motivos abstratos.
Por fim, aproximadamente entre os anos 1400 e 1532, já em época próxima à chegada dos espanhóis, desenvolveu-se a civilização inca, que ocupou principalmene a alta região andina. O aspecto mais surpreendente da cultura inca é a arquitetura, da qual tanto Cuzco, a antiga capital do império inca, como a vizinha fortaleza de Sacsahuaman e as construções da cidade de Machu Picchu, são importantes exemplos.
Como a região de Cuzco é muito sujeita à ação de terremotos, os incas desenvolveram uma amarração de pedra para suas construções, de modo a torná-las resistentes aos movimentos da terra. Percebendo isso, os colonizadores espanhóis usaram os muros incas como suporte para sua própria arquitetura, transplantando para a América o estilo espanhol.
As construções incas impressionam pela imponência e ao mesmo tempo pela simplicidade: seu único elemento ornamental são as portas em forma de trapézio.
Apesar dos mistérios que envolvem a história de Machu Picchu, sua nítida organização urbanística permite notar algumas divisões em setores: um bairro da nobreza imperial, uma praça sagrada, um bairro dos mestres e artesões.
Existem hipóteses para explicar o porquê da construção dessa cidade, mas na verdade pouco se sabe sobre os reais motivos que levaram os incas a transportar de tão longe, com inimagináveis sacrifícios, predras e água para construir uma cidade tão admirável. As eternas testemunhas desses fatos serão sempre apenas o Sol, as estrelas, os silenciosos picos andinos e o vento, que continuamente varre suas pedras.
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